quarta-feira, 19 de novembro de 2008

EAD

MEC manda fechar pólos de ensino a distância

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Educação determinou o fechamento de 1.337 centros presenciais de cursos de educação a distância.
A medida atinge quatro instituições: Unopar (Universidade Norte do Paraná), Fael (Faculdade Educacional da Lapa), Uniasselvi (Centro Universitário Leonardo da Vinci, em Santa Catarina) e Unitins (Fundação Universidade do Tocantins), como antecipou ontem "O Globo".
Os centros de ensino eram pólos presenciais de educação a distância não credenciados pelo MEC, que, segundo o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, estavam "muito abaixo da crítica".
Entre as medidas que as instituições terão de tomar estão a redução das vagas, a transferência de alunos para pólos credenciados pelo MEC e o fechamento de centros.
A Unopar afirmou, por meio de nota, que não teve redução de vagas. Não é, porém, o que diz trecho do termo de compromisso assinado entre o ministério e a universidade. A pasta diz que, somente se forem verificadas as melhorias acordadas, a Unopar poderá abrir novo vestibular.
A Unitins disse que "a supervisão do MEC (...) redundará em mais melhorias" para os cursos.
A Uniasselvi afirmou que todas as exigências do MEC "serão realizadas pela instituição no próximo ano, como a implantação de melhorias nos pólos". A Fael disse que irá se adaptar às condições do MEC.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Escola do crime

É melhor declarar a falência do ensino público e lacrar de vez os portões de todas as escolas do Estado de São Paulo


A PESQUISA SOBRE violência nas escolas públicas feita pela Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de SP) de que falou ontem este caderno Cotidiano deveria ter feito pais, professores e administradores públicos passarem a noite em claro.
Os números são coisa de filme de terror. À pergunta "a escola sofreu algum tipo de violência em 2007?", 86% dos entrevistados responderam sim. Mais da metade das escolas já foi vítima de depredação, pichação ou dano a veículo de professor e, em 38% dos locais avaliados, houve registros de explosão de bombas.
Brigas envolvendo agressão física entre estudantes ocorreram em 85% das instituições, e o desacato a mestres, funcionários ou à direção, em nada menos do que 88% das escolas. Ou seja, de cada dez escolas consultadas, pouco mais de uma parece estar conseguindo manter a ordem.
Não sou lá grande intérprete de estatísticas, mas se os números são realmente esses, a menos que os professores sejam todos uns chorões -o que não parece ser o caso-, é melhor declarar a falência do ensino público e lacrar de vez os portões de todas as escolas do Estado de SP.
A Secretaria Estadual da Educação classificou de "caso atípico" a ocorrência policial na escola Amadeu Amaral, no bairro do Belém, na zona leste, em que uma briga entre duas alunas serviu de estopim para o caos e a destruição da escola promovidos por 30 alunos.
Gostaria de saber o que pensam os mestres e funcionários de outras escolas públicas, obrigados a enfrentar as bestas-feras todos os dias, sobre a "atipicidade" do ocorrido.
A baderna que se viu na Amadeu Amaral é o tipo de insubordinação que se vê diariamente. E que simplesmente reflete o que acontece do lado de fora da instituição de ensino. A classe média não está minimamente interessada no assunto, mas a confusão foi promovida por jovens que se acostumaram a resolver contendas "no braço" com pais, professores, amigos e vizinhos.
Eles não são melhores nem piores do que os adolescentes que vieram antes deles. Apenas imitam o comportamento que vêem ao seu redor, tomando para si o mesmo código de sobrevivência que vigora em todas as comunidades carentes em que a lei não se faz presente.
Acertar contas ameaçando "furar" ou "encher de pipôco" pode não ser ocorrência comum entre os freqüentadores dos shopping centers, mas é conversa corriqueira nos bairros das periferias.
E não é papo exclusivo dos meninos, não. Todo mundo é obrigado a ser durão, quem piscar primeiro leva. É o faroeste, e ele está bem aí ao seu lado.
Junte a isso pais que, mesmo tendo pouco, mimam sempre que lhes é dada a oportunidade, a figura paterna ausente, o comércio de drogas na porta de casa e a abundante oferta de armas de fogo, e você terá o ambiente que essa criançada encontra quando volta da escola.
Esperar que, diante da autoridade do professor, eles se transformem em cordeirinhos é não enxergar que temos em mãos uma geração que se perdeu. Mas, como a realidade é dura de enfrentar, melhor continuarmos a falar da ação da polícia na Amadeu Amaral, não é mesmo? A polícia, ao menos, já está acostumada a ser saco de pancada.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A CLASSE C QUER COMIDA DIVERSÃO E ARTE



Um levantamento inédito com o público que compõe a nova classe média traz nova perspectiva sobre o recente aumento de poder aquisitivo da população. Depois de comprar carro, casa e celular, a classe C quer consumir lazer e cultura. Quer estudar mais e se qualificar profissionalmente, mas também quer discutir com profundidadade os problemas do Brasil.

O retrato descrito acima aparece na pesquisa Breakconsumers, produzida pelas publicitárias Laura Chiavone e Ana Kuroki, sócias da empresa de pesquisas Limo Inc. A revista Carta Capital publicou reportagem com os detalhes da pesquisa, que ouviu 2.016 pessoas em cinco capitais brasileiras – São Paulo, Rio, Goiânia, Salvador, Porto Alegre.

Em entrevista ao Conversa Afiada, Laura Chiavone destacou que o acesso ao consumo também abriu à classe C – formada por pessoas com renda familiar meda de R$ 1,6 mil – o acesso ao universo da comunicação e da cultura. “Vimos pessoas de baixa renda preocupadas com questões como a crise do Oriente Médio e a taxa Selic no Brasil”, disse. O estudo também deu origem ao documentário Breakonsumers - que já dispõe de um trailler circulando na internet.

Laura acredita que a redução do consumo, que deverá ocorrer como conseqüência da crise financeira e da restrição de crédito, poderá ser benéfica. “As pessoas estavam começando a se endividar sem ter tido nenhum tipo de orientação prévia”, afirmou.

Outra conseqüência importante relacionada a esse perfil de consumo, voltado à informação, diz Laura, se refere ao aumento da capacidade crítica da população. “Com mais acesso aos jornais, TV a cabo e internet, as pessoas aumentam a capacidade de ter opinião sobre qualquer assunto”, diz a pesquisadora. “Tornam-se agentes ativos da comunicação”, completa.